sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Amargura - Amar, cura





Que Deus me livre de uma vida de amargura, mergulhada na reclamação e na "cara feia". Que Deus não permita que as dificuldades me transformem num ser humano frio, insensível, descrente da vida, do outro, porque seria muito complicado continuar vivendo assim. Que Deus livre do meu caminho gente que pesa o ambiente, que quando fala cospe os espinhos que vivem lhe ferindo. Que eu tenha sabedoria para me afastar de gente que bota uma pá de areia no sonho do outro porque não conseguiu realizar os seus, que desdenha, debocha e ironiza por pura inveja e picuinha. Ah, triste mediocridade! Não há nada mais atrasador do que ter o pessimismo como companhia e, ainda assim, chamá-lo de realismo. O comportamento azedo de alguns apenas reflete o que dói, o que falta, o que não foi curado, cuidado, amado... Tem gente que nem desperta raiva, apenas, dó. Que Deus me livre de uma vida assim.

Aninha Ferreira

Levanta, Zé!






Tenho um pouco de dificuldade em lidar com gente acomodada. 
Não falo de gente tranquila, falo de gente lenta, "morta dentro da roupa", sem iniciativa, descansada, que espera pelo mundo inteiro para fazer o que pode e deve ser feito. Não tenho muita disposição para pedir a mesma coisa, repetir o que deve ser feito, como se falasse com uma criança. Cansa questionar repetidamente se foi realizado, se foi pensado, se foi agilizado, e ainda assim, levar uma grosseria ou "cara feia" como resposta. Cansa pensar pelos outros, cuidar do que é da responsabilidade dos outros e os outros ainda acharem que está tudo certo assim. De "boas". Reclama, mas quase não se mexe. Gente desenrolada sofre ao lado gente lenta. Calmaria é uma coisa, comodismo/preguiça é outra coisa. Gosto de gente com atitude, gente "viva" como diz minha avó, que pensa e realiza, se desconecta das redes sociais e vai atrás do que quer, mesmo que lhe pareça difícil chegar. A força de vontade é muito para quem quer chegar lá.


Aninha Ferreira



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Não sou de ferro!





A vida está tão corrida que não tenho me encontrado. Não tenho me amado como deveria. Em tempo de "selfies", não tenho tempo sequer de me olhar no espelho, sem pressa. Vivo numa cobrança absurda que cansa não apenas meu corpo, mas o meu coração. Algumas vezes parece que sou invisível para as pessoas que me cercam, como se eu fosse um robô e não sentisse o que todos sentem. Como se não me sentisse cansada, não precisasse de colo, de atenção, de alguém que me perceba mesmo quando eu mesma me despercebo.

O trabalho, a rotina doméstica, os estudos, a família e todos os detalhes que se tornam grandes, ali e acolá, têm me afastado muito de mim mesma, das minhas preferências, das coisas que gosto e preciso. Mas, para muitos, isso é bobagem, é reclamar de “barriga cheia”. Sinto como se andasse em círculos, sozinha e incompreendida. Talvez a culpa seja também minha, que não me coloco como pessoa, como gente, como ser humano que também merece ser cuidado. Não peço mais horas no meu dia, peço mais vida nas minhas horas. Vida de verdade, vida que faz feliz, vida que vale a pena viver. Minhas vontades sempre ficam para segundo plano e, raramente acontecem. Quando paro para perceber, já é noite, todos já dormem tranquilos e satisfeitos, mas eu não dei conta de fazer uma bobagem que fosse por mim. Minha felicidade tem sido satisfazer os que amo, os que precisam de mim. Os dias passam e só tenho acumulado cansaço e desentendimentos. Sou muito para os outros e quase nada para mim.

Ando exausta de carregar pesos que não são meus. Tenho feito um esforço fora do comum para dar conta da rotina que me exaure, mas parece que ninguém vê, ou finge. O que é bem pior. Se eu sair da linha, um milímetro que seja, sou criticada até pelo padeiro que mal me conhece. Não posso me estressar e não posso errar, porque parece que não tenho esse direito. Viro-me nos trinta, e ainda tem gente que acha que é pouco. Não vivo repetindo minhas insatisfações em todo lugar que chego, mas só eu sei os leões que tenho enfrentado. Tem horas que sinto vontade de comprar passagem só de ida para o outro lado do mundo, apenas para me reencontrar e estocar minha alma de paz.

Tenho engolido tantos sapos que já não aguento uma mosca. Tenho segurado tantas lágrimas que não suporto ouvir resmungos por um cisco de quem só se preocupa com o próprio umbigo. Preciso urgentemente estabelecer limites em mim e nos outros. Sou uma pessoa e, enquanto possibilito boa vida para muitos, tenho apenas existido. Sorrindo o sorriso dos outros, diminuindo a carga dos outros e ignorando as minhas próprias cargas emocionais. Ninguém é respeitado quando tudo aceita, embora tudo sofra. Amo as pessoas, mas necessito me amar. Assumo minhas responsabilidades, mas também tenho uma vida para viver. Dá licença?

Quem puder entender que fique. Quem não, que se vá. Sinceramente, já deveria ter ido.

Aninha Ferreira
Imagem: Google

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Ana...


A amizade na minha vida ganhou um nome especial: Ana. Ela ocupa, sem dúvidas, o pódio da minha consideração e admiração. Nosso elo é um presente que ganhamos de Deus. A gente se conheceu na faculdade. Dessas relações fortes, que resistem os reveses e as arbitrariedades, e que nos acompanham até na ausência. Não vivemos num grude para cima e para baixo, não estamos sempre nos mesmos lugares, mas sempre estamos juntas pelo elo do coração. Uma relação amadurecida, saudável. Um sentimento genuíno que independe de brindes e fotografias. Uma afinidade que não se encontra facilmente por aí. Certamente, uma das melhores relações que já fiz na vida.

Construímos outras amizades, mas mesmo com o passar do tempo, continuamos sendo uma dupla imbatível. Estou para conhecer base mais fortalecida do que a nossa. Juntas, aprontamos e aprendemos muitas coisas. Deus selou a nossa amizade com uma pitada considerável de cumplicidade. Nunca conheci alguém com um par de ouvidos tão gentil e atencioso. Costumo dizer que ela come flor, de tão delicada que é. Desses seres humanos raros que a generosidade do Céu fez atravessar no meu caminho. Preocupa-se com a minha vida e me aconselha com um desejo nítido de me querer bem, de apaziguar as minhas guerras internas e colocar um sorriso solto no meu rosto. É franca, mas sempre cuidadosa com as palavras. Expõe, mas não impõe. Aconselha, mas me deixa à vontade para fazer o que quero, mesmo que me quebre toda lá na frente.

Ana parece andar com um livro debaixo do braço com as melhores palavras e frases para me dizer, mas ela só carrega um coração grandioso. Respeita o meu espaço, meus medos, minhas idiotices, meus inúmeros defeitos e não joga na minha cara que me suporta. Compartilha das minhas alegrias como se fossem dela e chora as minhas dores como se nela também doesse. Amor de irmã. Lealdade, parceria e companheirismo na hora e na medida certa. Nossa amizade me faz acreditar que sentimento fraterno existe e que há pessoas no mundo que se preocupam com as outras desinteressadamente. Já deixou de viver muita coisa para vir me oferecer colo. Quando eu já não suportava carregar minha cruz, ela foi meu amparo. Nunca precisei implorar nada, sua solicitude é natural. Vem antes que eu chame. E quando não vem, faz das suas orações uma maneira de estar presente. Uma pessoa que faz questão. De estar, de ligar, de mandar notícias e procurar saber como estou.

Ana é maiúscula. Desse tipo de gente de alma bonita, leve, descontraída, que todo mundo se reúne em volta para ouvir as coisas que ela diz. Gente com personalidade e conteúdo. Um senso de humor saudável. Tem espírito de líder. Só de olhar sua figura simpática você já quer se aproximar e conhecer. Ana sorri com os olhos. Ana sorri com o coração. Quando me ouve ao telefone, sinto como se estivesse me olhando nos olhos. Não finge, ela é. Esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis da minha vida, sacolejou a minha estrutura e foi o meu espelho interior por diversas vezes. Abrigou-me nas piores tempestades. O nome dela é Ana, mas o sobrenome é “Shelter”.

Aninha Ferreira